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Bases científicas para o manejo de pirarucu: uma década de conhecimentos gerados

Editoria: Vininha F. Carvalho 10/08/2012

Saber científico e saber tradicional. Esta aliança ficou evidenciada nas primeiras discussões do 1º Seminário Internacional sobre Conservação e Manejo de Pirarucu em Ambientes Naturais, que iniciou no dia 8/8, e terminou no dia 9/8.

O evento é uma realização do Programa de Manejo de Pesca, do Instituto Mamirauá, no Centro de Convenções Studio 5, em Manaus (AM). Seu objetivo é promover o encontro destes saberes e estimular o diálogo entre pesquisadores, técnicos e pescadores que atuam no manejo participativo de pirarucu em diferentes regiões da pan-Amazônia.

Abrindo os debates, o Diretor Geral do Instituto Mamirauá, Helder Lima de Queiroz, disse que o seminário vem sendo planejado desde 2010, por ocasião do décimo aniversário do sistema de manejo de pesca sustentável de base comunitária desenvolvido na Reserva Mamirauá.

“Desde aquele momento ficou clara a necessidade de revisarmos todo o conhecimento científico disponível sobre a espécie, particularmente, aquele conhecimento gerado nos últimos anos, a partir das experiências de manejo”, lembrou Helder.

Com a disseminação do modelo para outras realidades amazônicas, o Instituto Mamirauá entende como necessária a troca das experiências acumuladas ao longo dos 12 anos de práticas efetivas do manejo, seus desafios e conquistas, nas diversas regiões da Pan-amazônia.

“È grande a necessidade de prover os técnicos e os tomadores de decisão de uma literatura especializada e de grande profundidade, mas em língua portuguesa”, explica o diretor, referindo-se a vasta literatura que existe sobre o assunto em língua inglesa.

Na opinião de Helder, com esse procedimento, será possível “preparar o terreno para um processo mais acentuado e acelerado de multiplicação destas práticas, facilitando a construção de bons planos de manejo e de boas experiências locais na Amazônia Brasileira e nos países vizinhos da pan-Amazônia”.

Compondo a mesa de abertura do Seminário, o pescador e contador de pirarucus, Jorge de Souza, da comunidade São Raimundo do Jarauá, disse que se vê privilegiado e satisfeito por ter contribuído com o desenvolvimento do método de contagem de pirarucu: “eu vejo que foi importante e que deu certo porque, hoje, se faz contagem de pirarucu em outros lugares, em outros estados e até nos outros países”, manifesta o pescador.

Para o representante do Governo do Estado do Amazonas, o Secretário de Produção Rural, Eron Bezerra, os resultados do manejo do pirarucu está na vida integrada do pescador com suas outras atividades: “para uns, o pirarucu é objeto de estudo, para outros é encarado como trabalho, e para outros ainda, é uma atividade a ser regulamentada, mas para o Jorge [pescador] é o sustento da sua vida”.

“Portanto”, continua o secretário, “com a intervenção dos profissionais, das pesquisas do Instituto Mamirauá e de outros, se conseguiu recuperar um recurso vital para os pescadores”.

Participaram, também, da mesa de abertura do Seminário, representantes da Secretaria de Pesca e Aquicultura - SEPA, José Otoni Diógenes e da Secretaria de Pesca do Pará, Henrique Sawaki.

A palestra “Conservação de pirarucus na Pan-Amazônia” foi proferida pelo oceanógrafo e responsável pelo desenvolvimento do método de contagem de pirarucu, Dr. Leandro Castello, do o Woods Hole Research Center, dos Estados Unidos. Para o pesquisador, o método, “na visão de quem trabalhou e construiu o sistema em conjunto com os pescadores, ao longo do tempo, e em diferentes momentos, o método e seus resultados são consequência de uma divisão de tarefas, cada um (pescadores, comunitários, técnicos e instituições), desenvolvendo seu papel dentro de suas experiências e conhecimentos, acertando, errando e corrigindo, num processo de aprendizagem contínuo e recíproco, que ainda não acabou”, explicou Leandro com expectativas para a continuidade da ação.

Ainda foram apresentadas pesquisas relacionadas à biologia, ao ambiente e às relações ecossistêmicas do pirarucu, às experiências do Peru e da Bolívia, bem como estudos sobre as potencialidades do recurso para o mercado.

Fonte: Lígia Apel