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Espécie de gavião ameaçada de extinção torna-se atração em Santos

Editoria: Vininha F. Carvalho 01/06/2012

Há aproximadamente 10 anos, um casal de gaviões nidificam em uma árvore localizada dentro do Colégio do Carmo, em Santos (SP). Esta espécie de gavião é ameaçada de extinção no Estado de São Paulo e a região de Santos-Cubatão é conhecida por abrigar a única população reprodutivamente ativa em todo o território paulista.

A espécie sempre foi observada todos os anos, porém, não havia conhecimento sobre o animal. Essa ave de rapina pertence a ordem accipitriforme da família Accipitridae e é popularmente conhecida como Gavião-asa-de-telha (Parabuteo unicinctus) devido a coloração das suas asas. Seu porte é médio (48 a 56 cm) e sua envergadura pode chegar a 115 cm.

É considerada uma espécie arisca, evitando a aproximação do homem, mas diferentemente do que ocorre no colégio, essa espécie não se sente incomodada com a movimentação e o barulho proveniente das atividades escolares. Pelo contrário, a espécie encontrou um local seguro para reproduzir e criar seus filhotes.

Nunca houve registro de ataques da espécie contra os alunos ou moradores da região e a fácil observação tornaram as aves um atrativo e tanto para os alunos do colégio como aos moradores que admiram suas movimentações para a construção do ninho, no cuidado aos filhotes e durantes suas caçadas aos pombos.

Essa espécie é considerada em vias de desaparecimento do estado de São Paulo por Willis e Oniki (1993). A principal ameaça sobre a redução da população dessa espécie na região é a destruição do habitat devido a expansão portuária, industrial, ocupação das áreas de restinga para expansão das cidades, poluição e ocupação irregular em áreas de manguezais, mata atlântica e restinga.

Sua distribuição geográfica vai do sudoeste dos EUA (do Texas à Califórnia), no México e em zonas áridas da América Central e do Sul. No Brasil distribui-se na região oriental, meridional e central.

Alimentam-se de principalmente pequenos vertebrados como gambás, serpentes, pequenos roedores, filhotes de guarás, garças e socós. Porém, o casal que nidifica no colégio tem como principal alimento o pombo doméstico (Columba Lívia), contribuindo de maneira eficaz no controle dessa espécie exótica que pode ser transmissora de doenças como a toxoplasmose.

Caçam em voos ou empoleirados e uma curiosidade da espécie é o fato de caçarem em bandos, o que facilita a captura de presas maiores ou difíceis de serem apanhadas por um único indivíduo.

A espécie constrói ninhos em árvores altas utilizando ramos e galhos para sua construção. Botam de 2 a 4 ovos e a incubação dura em média 33 dias e suas crias são totalmente dependentes dos pais para alimentação. Os juvenis abandonam o ninho após 40 dias e podem permanecer junto aos pais durante 3 meses.

Trata-se de um gavião ameaçado de extinção no Estado de São Paulo e, portanto, protegido por legislação específica. No momento foram observados três gaviões: um casal e um juvenil que ainda acompanha os pais na preparação do ninho.

É um privilégio para o colégio do Carmo tornar-se um abrigo seguro para que a espécie Gavião-asa-de-telha possa continuar se reproduzindo e garantido outras gerações de gaviões, sem contar no espetáculo que é observa-los durante o período reprodutivo em seus rasantes pela quadra esportiva, pousados sobre o ar condicionado sem causar nenhum problema aos alunos e aos moradores da região e escutar sua vocalização que é algo incomum de se ouvir dentro do ambiente urbano.

Durante o período reprodutivo da espécie dentro do colégio, recomenda-se:

• Não tente alimentar ou atrair o animal.

• Não moleste o animal atirando objetos.

• Evite qualquer tipo de contato direto com a ave devido ao risco de acidentes.

• Se algum Gavião-asa-de-telha for encontrado ferido ou debilitado no chão do colégio, chamar a polícia florestal para que seja encaminhado para o CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres).

Foto : Andre Oliveira

Fonte: Andreth Ricardo de Oliveira - biólogo e professor de Ciências do Colégio do Carmo