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Conservação comunitária de quelônios de Mamirauá é apresentada em evento científico

Editoria: Vininha F. Carvalho 25/05/2012

Localizada a cerca de 600 km a oeste de Manaus, na região do curso médio do rio Solimões, Mamirauá foi a primeira Reserva de Desenvolvimento Sustentável criada no Brasil, em 1996. Essa categoria de unidade de conservação admite a permanência de pessoas vivendo em seu interior, diferente do que ocorre com as áreas de preservação ambiental.

A reserva já nasceu com uma série de desafios para seus moradores e para cientistas que atuam na região. Um dos desafios é a conservação das três espécies de quelônios que utilizam as praias e margens de lagos da Reserva para se reproduzir durante a temporada de seca.

Há 14 anos, moradores de comunidades ribeirinhas da Reserva e cientistas do Instituto Mamirauá trabalham juntos na proteção de praias e lagos onde acontece a desova de quelônios.

A eficiência desse trabalho enquanto estratégia de conservação e método de coleta de dados científicos foi discutida durante o X Congresso Internacional de Manejo de Fauna Silvestre, ocorrido entre 14 e 18 de maio em Salta, na Argentina.

No médio Solimões, nidificações de iaçás e tracajás são comuns, enquanto que as de tartarugas-da-amazônia são raras devido à exploração insustentável do recurso em séculos passados.

Nas áreas de proteção de quelônios, os moradores das comunidades ribeirinhas se revezam na atividade de vigilância da praia ou lago, para que nenhum membro da comunidade ou invasor externo retire dali ovos ou animais.

Os moradores também auxiliam o trabalho de pesquisa, registrando dados como número de ninhos por espécie e data de postura.

A bióloga Cássia Santos Camillo, que pesquisa quelônios na Reserva Mamirauá desde 2009, analisou relatórios e dissertações que registravam as informações sobre a reprodução de quelônios na região desde o início das atividades de conservação. Os registros analisados foram comparados com os dados que ela observou em suas pesquisas em campo.

Segundo Cássia Camillo, os dados indicam um aumento gradativo no número de ninhos de tartaruga: em 1998, no primeiro ano de atividades, seis ninhos de tartaruga foram protegidos por moradores voluntários. Em 2011, as comunidades protegeram 133 ninhos de tartaruga.

A análise das fichas de campo preenchidas por comunitários sugere que os moradores da Reserva têm dificuldade em coletar dados mais específicos, como tamanho da ninhada e sucesso reprodutivo, o que deve ser acompanhado por uma equipe técnica.

"A conservação comunitária, apesar de suas limitações, é uma estratégia válida de conservação de quelônios, visto que, provavelmente, a totalidade dos ninhos seria predada por humanos, caso as áreas de nidificação não fossem protegidas e vigiadas", conclui a bióloga.


Números da conservação de quelônios em 2011

A bióloga Cássia Santos Camillo é integrante do projeto Conservação de Vertebrados Aquáticos Amazônicos (Aquavert), do Instituto Mamirauá. O projeto recebe patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental, e investe nos trabalhos de pesquisa e conservação de mamíferos aquáticos, jacarés e quelônios nas Reservas Amanã e Mamirauá.

Nas 33 áreas de desova de quelônios protegidas em 2011, foram registrados 1448 ninhos de iaçá, 379 de tracajá e 133 de tartaruga. O trabalho nas áreas de proteção garantiu o nascimento de aproximadamente 42 mil filhotes.




Fonte: Augusto Rodrigues