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Tefé (AM) sedia o IX Seminário Anual de Pesquisa (SAP)

Editoria: Vininha F. Carvalho 13/07/2012

Eventos extremos de seca na Amazônia podem representar uma ameaça a mais ao peixe-boi amazônico. É o que conclui um estudo do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. A análise será apresentada durante o IX Seminário Anual de Pesquisa (SAP), realizado na sede do Instituto, em Tefé-AM, entre os dias 11 e 13 de julho.

Durante a seca, com a diminuição da disponibilidade de plantas aquáticas, o alimento fica escasso para o peixe-boi, que é herbívoro.

Nessa época, de acordo com relatos de moradores de comunidades ribeirinhas, os peixes-boi se alimentam do “lodo” que fica no fundo dos corpos d’água e, assim, acabam também ingerindo material sedimentar, como barro e pedras.

A ingestão desse tipo de material pode causar congestão no trato digestivo do animal, fato que pode causar a morte do indivíduo por “entupimento”, como o processo é popularmente conhecido na região do médio Solimões.

A conclusão foi obtida a partir da necropsia de uma carcaça fresca de peixe-boi encontrada por pesquisadores do Instituto Mamirauá em outubro de 2011, no rio Solimões, a alguns quilômetros rio abaixo da cidade de Tefé.

Os principais fatores de mortalidade de peixe-boi estão associados à caça ou a morte acidental em redes de pesca. Mortalidade natural é raramente documentada em vida selvagem, em função do clima tropical que induz a decomposição acelerada, ou pelo consumo da carcaça pelas populações locais.

A carcaça era de uma fêmea adulta, de 2,42 m de comprimento. O estômago continha material argiloso escuro entremeado de seixos de pequeno tamanho. O intestino continua uma substância enegrecida e endurecida, frequentemente sob a forma de bolas, cobertas de parasitos intestinais.

“O ano de 2010 teve a maior seca registrada desde 1902. Acredita-se que o animal tenha morrido em função da congestão do trato digestivo com material não vegetal”, diz a oceanógrafa Miriam Marmontel, coordenadora do projeto Conservação de Vertebrados Aquáticos Amazônicos (Aquavert), do Instituto Mamirauá.

Segundo Marmontel, anomalias de temperatura e no regime de chuvas da região são esperadas com maior frequência nos cenários de mudanças climáticas futuros, o que poderia representar uma ameaça adicional aos peixes-boi da Amazônia.

Desde o início da década de 1990, o Instituto Mamirauá atua na pesquisa o peixe-boi amazônico, na região do médio Solimões, no Amazonas. Atualmente, as pesquisas do Instituto sobre peixes-boi são patrocinadas pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental.

Fonte: Augusto Rodrigues