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Pesquisadoras publicam obra que retrata a confecção de adornos utilizando plumagem de pássaros e seus respectivos significados

Editoria: Vininha F. Carvalho 26/02/2011

Cocares, flechas, brincos, braçadeiras e toda a diversidade da arte plumária dos povos Kagwahíva da transamazônica: etnias Tenharim, Parintintin e Diahoi, agora fazem parte de um livro que apresenta a produção de adornos e seus respectivos significados para o grupo, assim como a importância dos pássaros para eles. Abordando mitos e realidades que norteiam estes povos, a coordenadora e pesquisadora, Ana Carla Bruno, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) demonstra por meio de fotos, desenhos e textos o processo de confecção.

De acordo com a pesquisadora, a idéia de produzir a cartilha surgiu da necessidade do grupo indígena. “Isso foi uma demanda dos próprios povos da região do sul do Amazonas, afinal os mais antigos e os professores estavam preocupados, pois os jovens não estavam aprendendo mais a lidar com o processo de elaboração e confecção dessa arte plumaria”, explicou.

Participaram também do projeto vice-coordenador e pesquisador do Inpa, Reinaldo Correa; colaborador da Fundação Estadual dos Povos Indígenas (Fepi), Amarildo Maciel,; as bolsistas, Simone Gomes e Silvana Bacelar; o colaborador indígena, Aldevan Elias; e os professores indígenas de Tenharim, Parintintin e Diahoi (Jiahui).


Projeto:

A obra é resultado do “Programa Fepi/Inpa – Educação, Resgate e Revitalização Cultural – Etnias Indígenas de Humaitá e Manicoré: Tenharim, Parintintin, Diahoi (Jiahui), Munduruku, Torá, Apurinã e Mura” do Programa Amazonas de Apoio à Pesquisa em Políticas Públicas em Áreas Estratégicas (PPOPE), sendo financiada pela fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) em parceria com o Inpa e a Fepi.

A publicação foi elaborada por professores indígenas, durante pesquisa de campo e oficinas realizadas nas aldeias indígenas no sul do Amazonas, na intenção de documentar parte do conhecimento ligado à arte plumária, idealizada como elementos estilísticos, estéticos e técnicos de uma atividade artesanal cujo material norteador e definidor básico são a plumagem dos pássaros.

Para a pesquisadora, o material poderá auxiliar com informações que ajudam a explicar as ações desses grupos e a maneira de utilização dos recursos naturais.

“Fizemos um projeto relacionado com educação indígena, onde um dos focos era retratar o conhecimento dessa arte plumária. Esse material foi elaborado para que as pessoas possam compreender as relações e formas de uso que essas etnias têm com seus recursos naturais, nesse caso a plumagem das aves”, disse.


Conservação da biodiversidade:

Os desenhos produzidos por professores indígenas evidenciam a diversidade de cocares utilizados pelos Kagwahíva. Alguns confeccionados pelas mulheres são utilizados apenas por caciques e guerreiros nas festas e situações de conflitos, outros feitos com um cipó chamado "tarakwa pytera revaea", são usadas pelas jovens quando menstruam pela primeira vez.

Segundo os Tenharim, ‘tarakwa’ é o nome de uma formiga, encontrada em grande quantidade no lugar onde se pode encontrar este cipó.

Ana Carla ressaltou que a obra, além de auxiliar na educação relacionada a essa etnia, é uma forma de mostrar também que a relação dos grupos com a natureza pode mudar de acordo com seus costumes.

“Vemos isso como um instrumento pedagógico para a população não indígena entender que existem diferentes grupos indígenas aqui e que cada grupo estabelece uma relação diferente com a natureza”, ressalta.


Fonte: Eduardo Gomes