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Debilitada, Iara, a filhote de peixe-boi resgatada no município de Autazes, faleceu

Editoria: Vininha F. Carvalho 08/07/2010

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) recebeu na tarde da segunda-feira (5/7) mais um filhote de peixe-boi. A fêmea de aproximadamente dois meses foi resgatada no município de Autazes, interior do Amazonas.

O animal foi encontrado na sexta-feira (2/7) por pescadores, que o acolheram e cuidaram. No sábado, procuraram a Secretaria do Meio Ambiente do município, que entrou em contato com a Associação Amigos do Peixe-Boi (Ampa). A Polícia Ambiental foi acionada, mas tiveram problemas para realizar o resgate, por causa da demanda.

A previsão de resgate era para quarta-feira, entretanto, preocupados com a saúde do peixe-boi, veterinários da Ampa fizeram o resgate na segunda-feira, por volta das 15h da tarde.O transporte do animal até Manaus foi feito através de hidroavião.

A médica-veterinária da Ampa, Paula de Souza, acredita que o filhote já estava há algum tempo longe da mãe, porque está muito magro e debilitado. Segundo a médica-veterinária, a comunidade estava bem consciente e a família do pescador que encontrou estava cuidando do animal da melhor forma possível. “Ela estava magra, debilitada, estressada, mas não estava com nenhum machucado aparente”, afirmou a veterinária.

A comunidade batizou o filhote de Iara e o nome deveria ser mantido.Iara foi encontrada na comunidade Castanho/Rio Preto, distante a 118 quilômetros da capital amazonense, , por um pescador. O filhote de aproximadamente 2 meses, resgatado pela Ampa chegou ao Inpa muito debilitado, pesando 11 quilos. O peso de um filhote sadio nesta idade é cerca de 20 quilos.

A médica-veterinária da Ampa Paula Sousa, acredita que o filhote estava longe da mãe há um tempo porque ele estava muito abaixo do peso. “Ela iria ficar aqui com a gente até ela crescer e ficar adulta”, confirmou a veterinária Souza, mas infelizmente faleceu na quarta-feira, dia 7 de julho.

“Para evitar que percamos um filhote órfão é necessário que a população assim que vir o animal sozinho entre em contato com os órgãos ligados ao meio ambiente para que se faça o mais rápido possível o resgate”, explica.

Ela enfatiza ainda que a morte desse filhote não é em vão, serve para conscientizar a população de que esse animal precisa de cuidados especiais, se retirado da companhia da mãe, uma vez que um filhote se alimenta de leite materno até os dois anos. “Estamos tristes por perdê-la, mas cientes de que fizemos o possível para salvá-la”, relata.

Ela ressalta ainda a importância da conscientização das pessoas no processo de resgate dos animais, pois isso facilita o sucesso da reabilitação do animal.

Resgate e reabilitação de peixes-bois:

Iara é o oitavo filhote de peixe-boi encaminhado ao Parque Aquático Robin C. Best no Inpa, só este ano. Desses, três faleceram porque demoraram a receber alimentação adequada.

Mais de 100 filhotes de peixes-bois, cujas mães foram vítimas da caça ilegal, já foram reabilitados com sucesso pelo LMA/Inpa, que atua em parceria com a organização não governamental Ampa. Esse dócil mamífero tem sido foco de estudos por mais de 35 anos, pelo Inpa, e há quase 10, com a criação da ONG, é protegido pela Equipe Amiga do Peixe-boi da Amazônia.

Conservação e pesquisa:

A Ampa é uma organização não governamental que atua em parceria com o LMA/Inpa. A associação é patrocinada pela Petrobras e tem como missão promover atividades de proteção, conservação, pesquisa e manejo do peixe-boi da Amazônia, e dos outros mamíferos aquáticos existentes na região: lontra neotropical (Lontra longicaudis), ariranha (Pteronura brasiliensis), tucuxi (Sotalia fluviatilis) e boto-vermelho (Inia geoffrensis).

A preocupação com a causa da conservação da natureza e, consequentemente, com a preservação dos mamíferos aquáticos da Amazônia é uma crescente. Desde a última década, a Ampa tem recebido o apoio de pessoas físicas e jurídicas para a realização de suas ações de pesquisas, resgate e reabilitação de animais em cativeiro, o que comprova a afirmativa anterior. Graças a essas pessoas, foi possível ampliar os projetos de campanhas ambientais e reabilitar mais de 80 mamíferos aquáticos. Atualmente, a Ampa conta com dois Programas de filiação, um para pessoa física, denominado Amigo do Peixe-boi, e outro para pessoa jurídica Empresa Amiga do Peixe-boi.


Foto: Eduardo Gomes

Fonte: INPA