Editoria: Vininha F. Carvalho 18/06/2010
Cerca de 101 mil pessoas de 120 países assinaram uma carta aberta de reivindicação ao Primeiro-Ministro da Noruega Jens Stoltenberg pelo fim da cruel caça comercial de baleias do país. A petição, lançada pela WSPA - Sociedade Mundial de Proteção Animal, é a maior demonstração pública de oposição à matança de baleias na Noruega desde 1993, quando a atividade foi retomada.
A manifestação pública aconteceu porque a Noruega – um dos únicos três países que ainda insistem na caça comercial de baleias, apesar da proibição em todo o mundo – está se preparando para defender a atividade na semana que vem, durante o 62º Encontro Anual da Comissão Internacional da Baleia (CIB), em Agadir, Marrocos.
A reunião pode acabar resultando em uma proposta desastrosa que iria efetivamente suspender a proibição da caça comercial, que já dura 25 anos, além de premiar a Noruega com uma cota de 6.000 baleias minke nos próximos 10 anos.
No início desta semana, o lançamento de um novo vídeo da WSPA que exibe a crueldade da matança das baleias na Noruega resultou em uma forte reação do público. Milhares de pessoas de todo o mundo participaram do abaixo-assinado – inclusive, mais de 5000 noruegueses – pedindo o fim dessa prática cruel e desnecessária.
A Gerente do Programa de Mamíferos Marinhos da WSPA, Joanna Toole, disse: “Está claro que a caça de baleias na Noruega está ultrapassada. Uma recente investigação nossa demonstrou claramente que essa atividade é cruel e desumana. Mais de 100 mil pessoas manifestaram seu apoio ao crescente movimento mundial que exige que o sofrimento das baleias seja levado em consideração antes de se pensar em aspectos políticos. A Noruega agora tem de explicar como vai defender a continuidade dessa prática retrógrada”
No final de maio, a WSPA e os grupos de proteção animal noruegueses Dyrebeskyttelsen Norge e NOAH - for Dyrs Rettigheter, captaram imagens de uma baleia minke sendo atingida por um arpão pelo navio de caça norueguês “Rowenta”.
A cena mostra o impacto do arpão e a falha dos caçadores noruegueses em garantir uma morte rápida, uma vez que o animal agoniza por horas.
As imagens – e sua resposta internacional - evidenciam o argumento que a WSPA tem defendido: o tamanho das baleias combinado às adversas condições naturais dos locais de caça simplesmente não proporcionam a esses animais uma morte humanitária.
Carl-Egil, diretor do Dyrebeskyttelsen Norge, afirmou: “Nós estamos extremamente animados com esta forte oposição global à caça de baleias na Noruega – particularmente com os milhares de noruegueses que pedem ao seu país que pare com a matança. Agora o governo deve reconhecer e agir por essa causa.”
As assinaturas foram recolhidas através de ações online promovidas em oito idiomas. Os grupos de proteção animal Dyrebeskyttelsen Norge e o NOAH entregaram o abaixo-assinado para o Primeiro Ministro norueguês ontem (17/6).
Siri Martinsen, veterinária da NOAH, afirma: “A crueldade da matança pode acontecer longe dos nossos olhos, mas não fora de nossa mente. As pessoas não vão mais tolerar esse tipo de tratamento brutal com os animais. Nós aguardamos a resposta do Primeiro Ministro e esperamos que ele aja com bom-senso e compaixão.”
As ações online foram:
www.detstorebildet.org (Noruega)
www.whalewatch.org/take_action.htm (Inglês, holandês, alemão, espanhol, português, sueco e dinamarquês)
Notas:
* 101 mil assinaturas foram coletadas no www.whalewatch.org/take_action.htm em um período de 36 dias
* Mais de 5 mil assinaturas de noruegueses em oposição à caça de baleias foram coletadas ao longo de vários meses no website www.detstorebildet.org
* O texto da carta pode ser lido no site da Whalewhatch e também está disponível para pedidos
* A investigação na Noruega foi realizada no final de maio de 2010. Vídeos, imagens e documentos estão disponíveis no FTP da WSPA :
* Em 2010, embora tenha havido uma diminuição da demanda de produtos, o governo norueguês estabeleceu a cota mais alta em 25 anos, permitindo que mais de 1286 baleias sejam abatidas. Até 11 de junho, 116 baleias minke foram mortas.
* Uma votação em 2009 revelou que apenas 1% dos noruegueses comem regularmente carne de baleia e a própria indústria admite que a demanda está diminuindo – a temporada de caça de 2009 foi até interrompida por esse motivo.
* A indústria desumana da caça de baleias na Noruega contrasta fortemente com o “Ato de Bem-Estar Animal de 2010”, que clama por respeito aos animais e luta para protegê-los do sofrimento desnecessário.
* Em 2003, em parte para tentar reduzir as despesas gerais da indústria, a Noruega removeu os inspetores de bem-estar animal da frota de caça, não coletando, assim, nenhum dado útil sobre as condições de bem-estar dos animais atingidos e mortos.
* Em vez de estimular uma indústria cruel, os grupos de proteção animal acreditam que o governo norueguês deveria investir no desenvolvimento da indústria de observação de baleias – extremamente mais lucrativa, sustentável, moderna e humanitária
* A WSPA, o Dyresbeskyttelsen Norge and NOAH- for dyrs rettigheter são membros da Whalewatch, uma rede mundial de 50 ONGs que se opõe à caça www.whalewatch.org