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Pesquisa genética representa "seguro de vida" para onça-pintada

Editoria: Vininha F. Carvalho 28/01/2008

Um seguro contra a extinção. Esse é um dos princípios que norteiam o programa de pesquisas em laboratório realizado pelo Cenap (Centro Nacional de Pesquisa para a Conservação dos Predadores Naturais), do Instituto Chico Mendes, que tem sede em Atibaia (SP). Os projetos visam preservar informações genéticas de espécies de carnívoros ameaçados de extinção, como a onça-pintada.

A partir da coleta de material orgânico dos animais, o centro procura identificar a melhor estrutura genética em relação às diferentes populações de carnívoros encontradas no País e busca, entre outras coisas, respostas para as doenças que acometem essas espécies.

”Nossa preocupação é responder perguntas cujas respostas só podem ser encontradas no material genético destes animais. Na prática, isso representa o seguro de vida da onça-pintada contra uma possível extinção no futuro”, destaca Ronaldo Morato, chefe do Cenap.

Ele faz questão de destacar, no entanto, que o foco atual é a prevenção e não a reprodução. “Buscamos garantir que esse material genético continue sendo conhecido e explorado, sem necessariamente gerar indivíduos em laboratório. Até porque a onça-pintada possui boa variabilidade genética”, explica Morato.

Em 2003, o centro começou a formar o banco de amostras biológicas de carnívoros, reunindo partes de tecidos, sangue, papa de leucócitos e sêmen de algumas espécies. Em seguida, foi criado um projeto para a produção de embriões, sem que houvesse, porém, preocupação de transferi-los para uma receptora que os gerasse.

A dificuldade maior é aprimorar a qualidade de armazenamento das amostras biológicas, principalmente sêmen. "Não é fácil armazenar corretamente esse tipo de material, principalmente porque os felinos possuem baixa qualidade do sêmen. Foi aí que surgiram parceiras importantes, como a que temos com a Universidade Estadual do Ceará", pontua Morato.

Os resultados foram tão favoráveis que outros projetos surgiram, envolvendo o congelamento de oócitos (gameta feminino da espécie). “A partir dessa técnica podemos coletar os ovários das fêmeas encontradas mortas nas rodovias e congelar, garantindo a preservação da informação genética ali existente”, explica o chefe do centro.

Com a Universidade Estadual do Ceará (UECE), a Estadual Norte Fluminense e a Federal de Minas Gerais (UFMG), o Cenap participa no desenvolvimento de técnicas que melhoram a preservação de gametas.

Em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), busca o melhoramento das técnicas de inseminação artificial, a partir de indução hormonal em fêmeas de onça-pintada. Nas parcerias com a PUC do Rio Grande do Sul, trabalha-se a extração e preservação de DNA, além da análise genética de cada indivíduo.

Apesar de essas técnicas estarem sendo desenvolvidas de forma disseminada pelo mundo desde a década de 90, somente a partir do ano 2000 é que o Brasil acelerou seu trabalho nesse campo de pesquisa. "O Cenap foi com certeza um dos pioneiros nesse trabalho focado na conservação de espécies e preservação dessas informações genéticas", diz Morato.

Fonte: Instituto Chico Mendes