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Picada de escorpião pode ter diagnóstico rápido

Editoria: Vininha F. Carvalho 07/03/2008

Pequenino aracnídeo, o escorpião é carregado de simbologias, crendices e lendas que lembram, em sua maioria, a perigosa toxicidade de seu veneno: traiçoeiro, sedutor, animal exótico, peçonhento, que representa um dos mais fortes signos do zodíaco.

Poucas pessoas sabem, no entanto, que algumas destas toxinas têm efeito inseticida e podem ser usadas no combate a pragas em lavouras, trazendo importantes benefícios à agricultura.

O veneno do escorpião contém, ainda, elementos que servem de ferramenta para estudos farmacológicos, que podem resultar em novos tratamentos terapêuticos para diversas doenças.

O escorpião é animal importante no combate à pragas na agriculturaDentre as linhas de estudo possíveis sobre o escorpião, é provável que uma pesquisa realizada em Minas Gerais, que se encontra em estágio avançado de desenvolvimento, seja aquela que trará os resultados sociais mais urgentes.

O escorpionismo, relativo aos incidentes causados por picadas de escorpião, é, hoje, um grave problema de saúde pública, que aflige zonas rurais e urbanas, no Brasil e em outros países. A maior dificuldade de um tratamento eficaz para picadas de animais peçonhentos em geral está no diagnóstico, muitas vezes tardio e impreciso.

Uma pesquisa iniciada pelo professor Carlos Chavez Olortegui, em 1994, na Funed - Fundação Ezequiel Dias, analisou não só o veneno de escorpiões, mas também de aranhas e serpentes, em busca de um método de diagnóstico laboratorial preciso, rápido e de baixo custo, que contribua para um tratamento mais eficiente em casos de envenenamento.

A pesquisa, que tem o apoio da Fapemig - Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais, foi premiada em 1995, como o melhor trabalho científico em um congresso sobre venenos e envenenamentos, promovido pelo Instituto Pasteur, de Paris, na França.

O grande diferencial do método de diagnóstico elaborado por Olortegui e sua equipe, já com pedido de patente, encontra-se na qualificação e quantificação exatas do veneno inoculado na vítima.Hoje, se uma pessoa chega a um pronto-socorro com suspeita de envenenamento por animal peçonhento, a única forma de diagnóstico é o clínico, por meio da observação dos sintomas.

As conseqüências da falta de um diagnóstico laboratorial vão desde a superdosagem de soro, com fortes efeitos colaterais, até o choque anafilático (imediato) ou anafilatóide (aos poucos), que atingem de 30 a 40% das pessoas que são submetidas à soroterapia, e podem levar à morte.

Segundo o professor Olortegui, "em crianças de até 12 anos, cerca de 20 a 30% dos casos de picada de escorpião são moderados ou graves e precisam de tratamento soroterapêutico". Ele explica que as crianças são mais susceptíveis a essas toxinas porque a toxicidade do veneno é relacionada ao peso corporal da vítima.

Os casos fatais variam de 1 a 2,5% dos acidentes, mas em crianças de até 6 anos esse índice pode chegar a 10%.O novo método de diagnóstico laboratorial é uma variante do tradicional teste "Elisa" - Enzyme Linked Immunosorbent Assay, notoriamente conhecido e usado para outros tipos de doença, como a Aids e o mal de Chagas. Seus fundamentos, no entanto, nunca foram antes utilizados para a identificação de picadas de escorpião.

Após ser coletado, o sangue do paciente passa por um processo de centrifugação para a obtenção do soro. Este soro é colocado em contado com anticorpos específicos para cada tipo de veneno, absorvidos previamente em placas de "Elisa".

Em seguida, as placas são novamente incubadas com anticorpos, agora marcados com substâncias cromogênicas (corantes).Só há reação naquele recipiente que corresponde ao veneno do animal peçonhento pelo qual a vítima foi picada. A reação colore a mistura antígeno-anticorpo e, quanto mais intensa for a cor, que varia do laranja-claro ao vermelho, maior a quantidade de veneno inoculado. Uma legenda indica a correspondência entre o tom da mistura e a gravidade do envenenamento.

"Assim, é possível dosar com segurança a quantidade de soro a ser administrado no paciente, conseguindo o tratamento mais adequado para cada situação", explica o professor.

Escorpião amarelo - o veneno dos escorpiões, em especial o do amarelo, provoca muita dor local e os sintomas podem evoluir para sudorese, náuseas, vômitos, agitação nervosa, arritmias cardíacas e dificuldades respiratórias.

Na pior das hipóteses, leva ao edema pulmonar e a vítima morre por insuficiência respiratória. O tratamento é feito com o soro anti-escorpiônico e terapêutica de suporte.A Funed é, hoje, a única instituição nacional a produzir o soro específico para o veneno do escorpião amarelo.

O processo de produção é complexo e também mereceu atenção especial no trabalho de Olortegui.Para todos as espécies de animais peçonhentos, a técnica de elaboração do antiveneno é basicamente a mesma. Injeta-se no cavalo uma pequena quantidade de veneno, em um intervalo médio de duas semanas.

Com a exposição prolongada às toxinas, o organismo do animal irá produzir soros hiperimunes que contêm anticorpos contra o veneno injetado e, quando comprovada sua eficiência, são extraídos para a produção do soro.Duas deficiências são comuns neste processo: por se tratar de um método extremamente tóxico e, portanto, doloroso ao cavalo, os animais se tornam muito nervosos e arredios, além de terem seu tempo médio de vida reduzido de 25 para apenas 5 anos.

Outro problema, este relativo à aplicação final do soro, está no fato de que os próprios anticorpos do cavalo, estranhos ao organismo humano, podem causar rejeição. Apenas 1 a 2,5% dos anticorpos presentes no soro eqüino são específicos para cada veneno inoculado. Ou seja, grande parte deles (mais de 97,5%) são não- neutralizantes e, até mesmo, prejudiciais ao tratamento.

Ao analisar detalhadamente a estrutura e a função das proteínas tóxicas presentes no veneno do escorpião amarelo, os pesquisadores da Funed encontraram uma proteína não-tóxica de composição muito similar àquela nociva ao organismo. Quando injetada no cavalo, tem efeito equivalente, gerando a produção de anticorpos contra o veneno, com a vantagem de não trazer o ônus do sofrimento ao animal. “Na Funed, esta proteína é utilizada para imunizar um cavalo que, além de ter temperamento bem melhor que os demais, já completa dez anos de vida", alegra-se Olortegui.

Em fevereiro de 2002, teve início o projeto "Desenvolvimento de produtos e processos para diagnóstico de enfermidades de importância na saúde pública do Brasil", com o objetivo de definir a melhor aplicação para as novas descobertas. Foram elaboradas três variedades do chamado "kit diagnóstico", que serão distribuídas e aplicadas de acordo com a necessidade de cada região do país. Na Amazônia, por exemplo, 90% dos casos de acidentes com serpentes são causados pelas espécies Lachesis muta muta (surucucu) e Bothrops atrox (jararaca).

As vítimas de ambas apresentam sintomas clínicos muito semelhantes, o que dificulta ainda mais o diagnóstico. Para solucionar este problema, o kit desenvolvido para a região amazônica identifica componentes específicos de cada um destes venenos, para uma confiável diferenciação.Uma outra variedade do kit diagnóstico será direcionada à região Sul, mais precisamente ao Paraná, onde são registrados, apenas em Curitiba, cerca de três mil casos de picadas de aranha marrom por ano.

Com um veneno altamente tóxico, em menos de 48 horas a picada desta aranha necrosa a região atingida, causando profundas feridas sobre a pele da vítima. O rápido diagnóstico é decisivo para o controle dos sintomas por meio da soroterapia.

Infelizmente, muitas vezes já é tarde e a única solução é a cirurgia.O kit elaborado para esta região será capaz de informar se a vítima foi picada por escorpião, aranha armadeira ou aranha marrom. Este kit também deve ser distribuído para a região Sudeste, solucionando o problema do diagnóstico de envenenamento por aracnídeos, diferenciando e identificando o veneno da aranha marrom, que já começa a aparecer por aqui.

Finalmente, para as regiões Sul e Sudeste, será direcionado um método desenvolvido para diferenciar o veneno de duas serpentes, a jararaca e a cascavel.Após anos de trabalho na Funed, o professor Olortegui transferiu-se para o Departamento de Bioquímica e Imunologia do ICB - Instituto de Ciências Biológicas da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais.

A mudança possibilitou uma parceria entre as duas instituições que, sem dúvida, trará bons frutos para o estudo, já em fase de aplicação. "O método está pronto. Falta apenas validá-lo frente ao Ministério da Saúde e negociar a produção e repasse dos kits diagnóstico", afirma ele.À reconhecida experiência da Funed em produção e distribuição de antivenenos, somou-se o know how da UFMG em pedidos de patente e aplicação de resultados de pesquisas junto à comunidade médica.

Os escorpiões adaptaram-se perfeitamente ao ambiente urbano, onde encontram, em abundância, a iguaria mais apreciada de seu cardápio: as baratas. Ou seja, onde tem barata, é provável que tenha também escorpião.

Para evitar acidentes, é necessário eliminar entulhos e estar sempre atento às medidas higiênicas básicas, mantendo o ambiente doméstico limpo.

A reprodução dos escorpiões é do tipo partenogênica, com período gestacional curto, inferior a três meses. Sua proliferação é rápida: nascem, em média, dez filhotes por ninhada.No Brasil, são notificados até dez mil casos de acidentes com escorpião, por ano, nos hospitais. Os principais estados atingidos são Minas Gerais e São Paulo, sendo que Minas concentra nada menos que 50% destes casos. A pior constatação é a de dentre as diversas espécies de escorpião do gênero Tityus, encontradas no estado está aquela que representa maior perigo ao homem, o Tityus serrulatus, conhecido como escorpião amarelo.




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ICMS ecológico sera monitorado em Pernambuco

Editoria: Vininha F.Carvalho


O governador do Estado de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, e superintendente de Conservação da organização não-governamental ambientalista WWF-Brasil, Rosa Lemos de Sá, celebraram no dia 10, em Fernando de Noronha, um termo de Cooperação Técnica para implantação do monitoramento do ICMS ecológico no estado.

A assinatura ocorreu em meio aos festejos dos 500
anos da descoberta do arquipélago de Fernando de Noronha.

O ICMS Ecológico é um poderoso incentivo à conservação da natureza. Ele remunera financeiramente as prefeituras que asseguram a proteção do patrimônio natural e, por conseqüência, prestam serviços ambientais fundamentais para a sociedade.

Para garantir a efetividade dessa medida, o projeto irá verificar se os municípios que adotaram o critério estão
desenvolvendo ações voltadas para a proteção da biodiversidade local.

Isto é, a proposta é avaliar o impacto do ICMS ecológico em Pernambuco e, também no estado de Mato Grosso, através de um Sistema de Monitoramento que sirva de modelo para outros estados que adotaram este critério ambiental na distribuição do ICMS.

Sómente com essas e outras análises será possível identificar as falhas e corrigi-las, criando um modelo para o país. Este projeto tem o apoio do Governo Britânico.

Além da assinatura do convênio para implantar o sistema de monitoramento, o WWF-Brasil foi agraciado pelo governador de Pernambuco com a Medalha de 500 Anos de Fernando de Noronha, concedida a entidades e personalidades que se destacaram pelo trabalho em prol da promoção e da conservação dos recursos naturais do arquipélago.

Desde 1995, o WWF desenvolve um projeto que visa o desenvolvimento de estudos e projetos para estabelecimento e implementação do uso recreativo no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha.
Fonte: Assessoria de Comunicação WWF-Brasil






























Fonte: Agência Brasil