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Mudança climática ameaça vida no Mediterrâneo

Editoria: Vininha F. Carvalho 17/08/2007

O fundo marinho do Mediterrâneo está em perigo pelos efeitos da mudança climática, alertaram especialistas mundiais reunidos no 38º Congresso da Ciesm - Comissão Internacional para a Exploração Científica do Mediterrâneo, em Istambul, traçando um futuro sombrio para as espécies que habitam estas águas.

Este mar se converteu em cenário de "choque de civilizações", com a invasão de espécies "estrangeiras" que se expandem ao mesmo tempo em que as águas se aquecem, ameaçando a sobrevivência da fauna local, mais habituada a temperaturas frias, afirmam os cientistas.

Várias espécies de peixe e de algas tropicais pegaram o caminho do Mediterrâneo oriental depois da abertura do canal de Suez no Egito, em 1869, e representam hoje não menos de 80% das 550 espécies alógenas recenseadas na bacia mediterrânea, adverte Bella Galil, do Instituto Nacional israelense de Oceanografia.

Mas, ao tempo do aquecimento planetário, estes organismos são, segundo a cientista, "candidatos que esperam se expandir mais no Mediterrâneo, porque estão originalmente adaptados ao calor enquanto a maior parte das espécies locais não o são".

Este "conflito de civilizações" em água salgada, que começou com a propagação de invertebrados como o Brachidantes pharaonis nas margens orientais até a Córsega ou a medusa Rhopilema nomadica até o Peloponeso, poderá se tornar a grande ameaça para a população original, prevê Galil.

"No Atlântico, as espécies "frias" podem subir até Bergen (na Noruega), mas no Mediterrâneo não há Bergen, ele pára em Marselha (sul da França)", exclama ela. Vários cientistas reunidos em Istambul evocam um aquecimento médio da água mediterrânea da ordem de 1°C no decorrer da década passada.

Um programa lançado pela Ciesm revelou, por sua vez, que a temperatura aumenta ingualmente no fundo marinho e que esse acréscimo foi de 0,3°C entre 1985 e 2000, segundo as medições efetuadas na altura do estreito de Gibraltar. Uma evolução aparentemente mímina, mas potencialmente cheia de conseqüências.

"Nas águas profundas, os organismos são adaptados a temperaturas constantes, da ordem de 13°C, não estando habituados a mudanças sazonais", explica Frédéric Briand, diretor da Ciesm. "E lá, isto faz uma grande diferença".

Além disso, a subida das águas, causada pelo derretimento das geleiras e, em menor medida, pela dilatação da água sob o efeito do calor, já começou no Mediterrâneo, explicou o professor Bouchta El Moumni, da Universidade de Tanger, no Marrocos.

Fonte: AFP