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A larva migrans visceral é uma zoonose que provoca dores abdominais, tosse e febre

Editoria: Vininha F. Carvalho 13/07/2007

A larva migrans visceral é uma importante zoonose que pode ocorrer após a ingestão de ovos infectantes do ascarídeo Toxocara canis, o qual é habitualmente um parasita intestinal do cão.Esta larva, proveniente de ovos ingeridos, penetra na parede intestinal dos seres humanos e, embora não possa completar seu ciclo biológico, pode migrar, se alojar e se encapsular em tecidos de diferentes partes do corpo humano, antes que seja destruída pelo sistema imunológico do organismo.

A situação epidemiológica típica desta doença envolve uma criança que ainda está aprendendo a andar e ingere terra contaminada com ovos de Toxocara canis. Esta terra contaminada costuma estar num raio de alcance da criança quando, engatinhando, se aproxima de um cão que está preso a uma corrente a maior parte do tempo.

Devido às condições que este cão é criado ele tem por hábito evacuar ali mesmo, ficando este local intensamente contaminado. Estes ovos que apresentam grande resistência no meio ambiente, podem permanecer no solo por longo tempo mesmo após a ausência do animal.

Não é comprovado ainda, embora também possa ser possível, que a pelagem de um cão razoávelmente limpo proporcione um meio suficientemente úmido para o desenvolvimento dos ovos de T. canis.

Por isso, é muito mais provável de se pensar que as crianças possam se infectar mais com a ingestão de terra contaminada do que o contato direto com o cão.

Portanto, aquelas medidas incessantemente recomendadas da exclusão do cão de estimação do convívio familiar, tendem a não reduzir de forma significativa os riscos de contaminação com larva migrans visceral, caso as crianças ainda tiverem acesso a terra infectada.

Com relação aos gatos, eles têm por hábito evacuar em caixas de areia e, se soltos procurarão locais em que a terra fofa facilite o trabalho das escavações. Embora aparentemente menos importante que o T. canis como causa de larvas migrans visceral em humanos, existe também registros de contaminação do ascarídeo do gato, o Toxocara cati.

È importante lembrar que solos, principalmente as areias, de parques públicos das cidades, podem se tornar locais de defecação habitual de cães adultos e gatos adultos não confinados e com isso tendem a ser pesadamente contaminados com ovos infectantes de T.canis e T.cati.

Já os cãezinhos jovens, têm o hábito de defecar em vários locais, mais ou menos ao acaso, quando não confinados. Caso a mãe não tenha sido vermifugada antes da gestação, suas fezes têm grandes possibilidades de estarem contaminadas com este tipo de verme.

Portanto, com relação aos locais acima mencionados, qualquer área em que o piso não seja impermeável e que não possa ser higienicamente limpa e lavada com frequência, tende a se tornar pesadamente contaminada com ovos de T. canis ou T. cati, sendo, portanto, considerado locais perigosos para crianças brincarem e eventualmente comerem guloseimas.Toxocara canis é um verme tão freqüente nos cães que pode-se considerar que cerca de 15% de todos os cães adultos estão infectados. No caso dos filhotes a contaminação é maior ainda.

Embora a moléstia tende a ser subclínica (ou assintomática) na maioria dos casos, a migração das larvas pode ocasionar nos seres humanos sintomas como dores abdominais, náuseas, vômitos, tosse, febre e a formação de significativas reações granulomatosas eosinofílicas provocando uma espécie de nódulo. Estes nódulos contendo as larvas do segundo estágio (L2) deste parasita podem ocorrer no fígado, coração, pulmões, rins e cérebro.

Nos olhos de crianças até os treze anos, estas larvas podem causar o estrabismo, diminuição da visão e uma horrível seqüela, a retinite granulomatosa, levando até mesmo à cegueira devido ao alojamento da larva nos tecidos oculares.

A maioria dos cães filhotes adquire a T.canis ainda no útero, e começa a expelir as larvas com cerca de 21 dias de idade. Estas larvas são grandes, podendo ser visíveis em suas fezes e freqüentemente são ingeridas quando a cadela faz a higiene dos filhotes, lambendo-os. Um vez que os ovos atingem o meio exterior, há um período de 1 a 2 semanas para que se tornem infectantes.

Os cães e gatos adultos de estimação da família podem ser mantidos livres desta importante parasitose através de vermifugações regulares e adequadas.

A vemifugação da mãe e dos filhotes, iniciando nestes últimos o tratamento sem riscos com 2 a 3 semanas de idade e repetindo a cada 2 semanas, por um mínimo de 3 vezes, tem um ótimo resultado no controle.

Muitos dos problemas de contaminação com T. canis e T. cati poderiam ser reduzidos com o tratamento preventivo. Se os filhotes de cães e gatos fossem levados ao veterinário para uma consulta de orientação básica e devida vermifugação a partir do 1o mês de idade o tratamento instituído não permitiria que as larvas se desenvolvessem, atingissem a maturidade e produzissem ovos contaminantes.

A profissão do veterinário tem a clara missão de proporcionar ao público em geral as informações objetivas que se relacionam com a toxocarose humana, identificando estes parasitas, informando os proprietários de cães e gatos sobre seu ciclo biológico, protegendo tanto quanto possível com vermífugos eficazes e orientando sobre a importância da pronta eliminação do material fecal, tudo isso com o intuito de reduzir a exposição potencial das crianças aos ovos infectantes.




Fonte: Dr. Gerson Bertoni Giuntini - Biólogo, Engenheiro Agrônomo e Veterinário

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