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A piometra é uma patologia uterina , incidindo mais nas cadelas do que em gatas

Editoria: Vininha F. Carvalho 01/12/2006

Constitui normalmente o estágio final do complexo hiperplasia endometrial cística (endometrite), comum em cadelas e gatas não castradas com prevalência na meia idade. Alguns autores registraram que a piometra ocorre com uma freqüência três vezes maior em cadelas do que em gatas.

O endométrio (mucosa que reveste a cavidade uterina) normalmente apresenta uma resposta exagerada à progesterona , que é um hormônio esteróide produzido pelos ovários (particularmente pelo corpo lúteo) e responsável pela nidação do ovo e manutenção da gravidez.

Ocorre entretanto que com esta resposta exagerada das glândulas endometriais à progesterona, estas glândulas tornam-se císticas e repletas de líquido, líquido este normalmente estéril e que se acumula na cavidade uterina.

O acúmulo deste líquido juntamente com a diminuição da contratilidade da musculatura do útero (miométrio), favorece a invasão bacteriana.

Normalmente a infecção pela bactéria Escherichia coli é a mais comum. Entretanto, infecções mistas freqüentemente ocorrem com a presença de outras bactérias principalmente as do gêneros Streptococcus, Pseudomonas, Salmonela, Proteus e Klebsiella.

A infeccão secundária do útero anormal é que atribui a maior parte da morbidade e mortalidade das cadelas ou gatas com piometra.

Com relação ao colo uterino ou cérvix, a piometra pode ser classificada em "aberta" ou "fechada". A piometra com a cérvix "aberta" é acompanhada de corrimento vaginal purulento, intermitente ou constante, escasso ou abundante e com uma coloração variando de um tom esverdeado até o achocolatado, dependendo do tipo da bactéria presente.

Nos casos de piometra com a cérvix "fechada" não se observa corrimento vaginal. Normalmente as cadelas ou gatas que apresentam colo uterino fechado encontram-se mais doentes quando comparadas com àquelas com colo uterino aberto pois o quadro de toxemia se instala mais rapidamente.

Os sintomas clínicos da piometra tornam-se evidentes durante a fase luteínica, geralmente de 4 a 10 semanas após o estro (cio), ou em fêmeas que utilizam habitualmente anticoncepcionais.

Estes sintomas são essencialmente iguais tanto para cadelas como para gatas, com vários graus de desidratação e depressão.Incluem também falta de apetite, vômitos, muita sede e urina abundante à semelhança de um quadro tóxico com prognóstico ruim.

A septicemia, a toxemia associadas à uma insuficiência renal podem se desenvolver a qualquer momento e tornarão bem mais grave o caso.

O útero geralmente encontra-se grande e palpável. A radiografia ou ultra-sonografia são exames importantes para um diagnóstico diferencial de outras patologias ou mesmo em cadelas ou gatas prenhes.

O tratamento de escolha é o cirúrgico, isto é, através de uma laparotomia (abertura abdominal) é retirada toda a genitália interna no momento do diagnóstico (ovário-salpingo-histerectomia).

Este tratamento é indicado também para as fêmeas de colo uterino aberto, pois nos casos em que optou-se pelo tratamento terapêutico em cadelas ou gatas com a cérvix "aberta" verificou-se que o índice de mortalidade era mais elevado.Além disso, mais da metade das cadelas ou gatas tratadas de piometra apresentaram recidiva da patologia após alguns meses do tratamento.

Após retirada do útero doente, que é a causa das alterações metabólicas, poderemos ter com mais facilidade a recuperação do animal, o qual deverá ser devidamente acompanhado com tratamento de suporte e sintomático até a estabilidade geral, sendo que nesta fase ocorrerá uma melhora significativa do prognóstico.


Fonte: Dr. Gerson Bertoni Giuntini - Biólogo, Engenheiro Agrônomo e Veterinário

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