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Curitiba possui 60% de seus cachorros soltos pelas ruas.

Editoria: Vininha F. Carvalho 16/05/2006

O grande número de cachorros soltos em Curitiba começa a se tornar um sério incômodo. Da população de 240 mil cães, estipulada pela Coordenação de Controle de Zoonozes da prefeitura, mais da metade está nas ruas. Somente 20% desses animais (48 mil) têm domicílio e outros 20% vivem em situação de semidomicílio, só retornam à casa do proprietário para dormir ou se alimentar. Já a maioria, 60% (144 mil), está totalmente abandonada.

Com a média de um cachorro para sete habitantes, Curitiba está superou a taxa considerada ideal pela Organização Mundial da Saúde (OMS): um para dez pessoas. Assim, os problemas começam a surgir. Não só de saúde, como também de gastos com a manutenção desses cães. Os apreendidos no canil municipal consomem 1,3 tonelada de ração por mês, com o custo próximo de R$ 2,6 mil, fechando em torno de R$ 31,2 mil ao ano.

Em relação às patologias, os cães podem transmitir 80 tipos de doenças ao homem. Entre elas raiva, verminoses e doenças de pele. Porém o que mais preocupa são as mordidas.

Por ano, os hospitais de Curitiba notificam 8 mil casos de mordidas, média de 21 por dia. Contando as situações não registradas, o número é ainda maior. Dessas vítimas, 70% (5,6 mil) necessitam tomar vacina anti-rábica. Como cada paciente toma no mínimo uma dose dupla, o custo somente com vacina antirábica no município chega a pelo menos R$ 8.176 – cada dose custa R$ 0,73. Tal valor pode ser maior, já que em casos mais graves são necessárias até cinco doses. Fora gastos com curativos, suturas de cortes, além de outros medicamentos.

Segundo a veterinária da Coordenação de Zoonozes, Cláudia Lysenki Fagundes, apesar das campanhas, a população ainda não se conscientizou da importância não só de manter o animal dentro de casa, como também do controle de natalidade. Tanto que em grande parte dos cachorros apreendidos pela carrocinha os proprietários alegam que o animal sai todos os dias para dar uma voltinha, o que não é nada recomendável.

As crendices também atrapalham. Claudia explica que é comum as pessoas pensarem que a cadela tem de procriar ao menos uma vez. Fora o fato de que muitos acreditarem que a esterilização causa danos. “Tem gente que pensa o cachorro esterilizado perde a virilidade e não protege mais a casa”, ressalta a veterinária.

“No começo, o cachorro é bonitinho e interessa. Depois, quando começa a dar trabalho, a pessoa se livra do animal, levando para bairros distantes ou dando para a empregada, que nem sempre tem condições de cuidar”, critica Valeixo.

Além de mal ao próprio animal, o abandono, segundo Valeixo, gera problemas também para a sociedade, ponto de vista ausente em muitos proprietário, segundo o voluntário. Assim, explica Valeixo, a situação acaba virando um ciclo.

“A cadela entra no cio a cada seis meses. Se ela estiver na rua, vai procriar. Cada ninhada gira em torno de seis a dez filhotes, sendo metade fêmeas, que vão procriar novamente”.

Portanto, antes de adquirir um cachorro, Valeixo afirma que a pessoa tem de ter total noção de que o animal vai viver em torno de dez anos e que gera custos (alimentação, veterinário e vacinas, além de danos, como objetos roídos). É a chamada posse responsável. “As pessoas infelizmente não pensam nisso. Pensam que podem se livrar do animal a qualquer momento”, ressalta.