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Paraná tem lista de mamíferos atualizada

Editoria: Vininha F. Carvalho 03/03/2006

Recentemente, o CBRO - Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos apresentou a lista atualizada das aves do Brasil, indicando alterações nomenclatórias e imprimindo uma nova filosofia para a validação de registros científicos de espécies no território nacional. Como resultado, o número de quase 1790 espécies confirmadas para o País aproxima-se cada vez mais dos valores obtidos para as duas outras nações mais ricas em aves no mundo: Colômbia e Peru. E a dinâmica desse tipo de estudo, essencial para sua confiabilidade, mostra uma tendência inegável: em breve, o Brasil poderá ser considerado o País mais rico em espécies de aves em todo o planeta!

Movido por esse objetivo, o biólogo Michel Miretzki, pesquisador do Museu de Zoologia da USP, empenhou-se por quase uma década na compilação das espécies de mamíferos silvestres que ocorrem no estado do Paraná. Debruçado sobre livros antigos e atento a todas as informações passíveis de consideração, pesquisou arduamente em coleções de museus e acervos de bibliotecas de todo o Brasil, chegando à cifra de 186 espécies, com destaque para os quirópteros (57 espécies), roedores (38) e cetáceos (28).

A primeira e única lista disponível, com as espécies de mamíferos paranaenses, datava de 1981, uma obra dos professores Rudolf Lange e Estefano Jablonski, baseada principalmente em registros bibliográficos e divulgada na revista "Estudos de Biologia" da PUC-PR. Ali constavam 149 espécies, portanto, um valor muito distante daquele obtido por Miretzki.

Bem da verdade, as duas listas não podem ser propriamente comparadas, uma vez que o panorama da classificação dos mamíferos modificou-se radicalmente nos últimos 15 anos. Além disso, de um tempo para cá, os número de estudiosos desse grupo zoológico multiplicou-se assombrosamente, como reflexo de uma tendência de interesse pelas pesquisas e conservação da biodiversidade brasileira. No início da década de 80, os mastozoólogos dedicados ao Paraná podiam ser "contados nos dedos". Hoje, vemos mais de 300 publicações sobre os mamíferos deste Estado, o que indica um enorme progresso na qualidade das pesquisas, bem como na formação de inúmeros grupos dedicados a esse assunto.

O mais importante dessa lista é o caráter dinâmico que ela imprime ao conhecimento destes animais. Conforme as pesquisas avançam, os critérios para considerar uma espécie como ocorrente em determinada região pode se modificar consideravelmente. O que antes era tido como presença certa em nosso estado por meras inferências de distribuição geográfica, passou a ser questionado, exigindo diversas provas documentais e obedecendo um protocolo muito mais rigoroso, com base na taxonomia e biogeografia.

No grupo dos roedores (ratos-do-mato, preás, capivara, paca, cutia, etc), por exemplo, as filosofias de classificação e a forma como os vários pesquisadores consideram uma espécie ou outra como válida, causam diversos problemas, sempre como conseqüência das poucas pesquisas a esse respeito e escasso material disponível sob a forma de publicações e exemplares de museu. Na lista anterior, constavam 47 espécies; na atual, apenas 38 foram consideradas como pertencentes à fauna estadual.

Por outro lado, os números em questão podem ser ampliados, sejam pelas mesmas razões citadas, sejam pelo avanço das pesquisas localizadas em áreas subamostradas e da própria massa crítica de estudiosos. Nesse sentido, os cetáceos (representados pelas baleias, botos e golfinhos) passaram de 13 para 28 espécies e os quirópteros (morcegos) ampliaram sua riqueza de 33 para 57 espécies.

O resultado do trabalho de Miretzki foi encaminhado para publicação e, em breve, estará disponível para todos os interessados: leigos, estudiosos, agentes ambientais, políticos e mesmo outros formadores de opinião. A grande expectativa está apontada para outros estados brasileiros, cujo conhecimento da fauna mastozoológica local deve ser objeto de pesquisas futuras. Será uma excelente maneira de juntar as peças desse quebra-cabeças, fundamental para quaisquer ações de conservação.



Fernando Costa Straube, colaborador do AmbienteBrasil, é ornitólogo da Sociedade Fritz Müller de Ciências Naturais, Curitiba (PR). Contato: urutau@terra.com.br.