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Pulverização em transgênicos afeta abelhas e pássaros

Editoria: Vininha F. Carvalho 05/08/2005

O maior estudo já feito sobre o impacto de lavouras de transgênicos sobre a vida selvagem concluiu que pássaros e abelhas desenvolvem-se melhor em campos de colza (planta que serve como forragem para carneiros e como fonte de óleo combustível) naturais do que em campos de colza transgênica, afirmaram cientistas.

Mas os pesquisadores ressaltaram que isso aconteceu não pelo fato de as sementes oleaginosas serem transgênicas e, sim, pela forma como os agrotóxicos foram aplicados.

"O estudo demonstra a importância dos efeitos do gerenciamento dos herbicidas sobre a vida selvagem nas lavouras e nas áreas adjacentes", disse o pesquisador David Bohan.

Grupos ambientalistas, no entanto, ficaram horrorizados com o estudo, realizado na Grã-Bretanha.

"Esses resultados são mais um duro golpe para a indústria da biotecnologia. Cultivar sementes de colza transgênicas teria um impacto negativo na vida selvagem", afirmou Clare Oxborrow, da ONG Friends of the Earth (Amigos da Terra).

A experiência foi a última de um teste em quatro fases da controversa tecnologia - o maior do mundo sobre trangênicos. A iniciativa custou US$ 9,5 milhões.

Cientistas disseram que, comparadas com a colza convencional cultivada no inverno, as plantas transgênicas, resistentes a herbicidas, tiveram no geral o mesmo número de ervas daninhas, mas com mais gramíneas e menos plantas daninhas de folhas largas.

As flores das plantas daninhas de folhas largas fornecem alimento para os insetos, e suas sementes são uma importante fonte de alimento para outros animais.

Os pesquisadores afirmaram que, apesar de as lavouras transgênicas possuírem menos borboletas e abelhas, a diferença não se deveu ao fato de elas serem geneticamente modificadas, mas sim à maneira como são pulverizadas.

Em outubro de 2003, a mesma pesquisa governamental mostrou que a pulverização de beterrabas transgênicas prejudicava significativamente mais o meio ambiente do que a pulverização convencional.

As empresas de biotecnologia, porém, insistem que os cultivos são seguros.

"As lavouras transgênicas oferecem um gerenciamento de ervas daninhas mais flexível para os agricultores, e, como mostram os resultados de hoje, a diferença entre o impacto de culturas transgênicas e não-transgênicas sobre a biodiversidade é mínima", disse Tony Combes, vice-presidente do Conselho de Biotecnologia Agrícola, que representa empresas como a Monsanto e a Syngenta.

Apesar de todo esse otimismo, os transgênicos ainda enfrentam forte resistência na Grã-Bretanha, a ponto de não haver nenhum pedido de aprovação de novas sementes geneticamente modificadas.

Fonte: Globo.com