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A evolução do relacionamento entre os homens e os animais

Editoria: Vininha F. Carvalho 20/04/2013

O ser humano sempre sofreu uma espécie de “Síndrome de Narciso” que o levou a construir mitos de si mesmo, como o de considerar-se feito à “imagem e semelhança de Deus” ou o “coroamento da criação”. É como se toda a evolução biológica que o precedeu fosse uma espécie de ensaio da natureza para atingir o ápice da perfeição: o surgimento do Homo sapiens. Por sentir-se o centro do universo, o homem reconhecia no animal e nas outras espécies simples “coisas”, desprovidas de vida própria, que existem apenas para lhe servir.

Embora, ossos de um ser humano e de um gato enterrados no Chipre há 9.500 anos mostram que vivemos ao lado dos animais há muito mais tempo do que pensávamos. Acreditava-se até então que os egípcios tinham sido os primeiros a domesticar os gatos, por volta de 4 mil anos atrás.

As análises dos cientistas do Museu Nacional de História Natural, em Paris, na França, mostraram que o buraco onde o animal foi colocado foi cavado e depois coberto com terra. Se o gato não tivesse sido enterrado intencionalmente, seus ossos teriam se dispersado.

O gato também não tinha nenhum sinal de violência, o que significa respeito de quem o enterrou, caracterizando um relacionamento próximo entre a pessoa e o animal.

Ao iniciar o processo de civilização, o ser humano levou consigo o planeta inteiro, desequilibrando todo o ecossistema.A paleontologia revela que os humanos eram numerosos, inicialmente; havia dezenas de espécies semelhantes, com características distintas.

Hoje só há uma, o que pode ser sinal de “um beco sem saída”, como chamou a atenção, diversas vezes, o paleontólogo americano Stephen Jay Gould .

Do ponto de vista das outras espécies, está bem claro agora que nenhum dos grandes mamíferos e boa parte dos menores terá condições de resistir se a raça humana continuar crescendo e agindo de forma depredatória.

E só uma parte dos restantes, provavelmente, poderá ser preservada em reservas e parques. As aves, os répteis, os peixes e as árvores terão destino parecido. Isso para não falar do reino mineral: nos rios, nas montanhas e nos oceanos poluídos, explorados inconseqüentemente pelos homens.

A espécie humana não pode dar-se ao luxo de continuar a usar de forma tão drástica dos recursos naturais.Precisa modificar este procedimento, para assim poder garantir até a sua própria existência, aprendendo a preservar seu habitat.

A pressão ecológica de cada indivíduo é calculada, tendo em conta seis componentes distintos: a área de cultivo necessária para produzir os alimentos consumidos, a área de pastoreio para produzir os produtos animais, a área de floresta exigida para produzir madeira e papel,os materiais de que o indivíduo necessita para construir infra-estruturas e viver e a área de floresta necessária para absorver o CO2.

O compromisso da utilização responsável dos meios naturais, passa a ser a considerada a única solução para a salvação da todas as espécies.O respeito ao meio ambiente é um dever de todos , cabendo a nossos governantes fiscalizar as indústrias poluidoras, incentivar a reciclagem do lixo, impedindo que este seja lançado na natureza e, cuidando para que o esgoto não fique a céu aberto ou indo parar em riachos e rios , comprometendo a saúde dos homens e animais que consomem esta água.

O Brasil é o único país no mundo a possuir em abundância as "Sete Matrizes Ambientais", os insumos vitais para a sobrevivência : a água, o minério, a energia, a biodiversidade, a madeira, a reciclagem e o controle de emissão de poluentes , por isto é essencial que as questões ambientais sejam incorporadas de maneira conscientizadora em todas as atividades desenvolvidas em nome do progresso.

A partir do momento, que é despertada a necessidade de preservarmos o meio ambiente , surge uma nova concepção de relacionamento , voltada para o respeito a todas as formas de vida, onde inclui-se os animais.

O animal que antes servia apenas de suporte, evoluiu também para animal de estimação.Sua relação com o ser humano tornou-se tão complexa que, ao entrar para uma família, ele é capaz de provocar alterações no comportamento de todos os seu membros. Ele passa a compartilhar hábitos humanos , muitas vezes , adquire o status de uma pessoa. No caso de seu desaparecimento, sua falta é sentida com muita intensidade.

Com todos os avanços da ciência, pesquisas mostram, que o convívio com os animais , é considerado um dos melhores recursos terapêuticos. Os animais domésticos passaram a ser considerados importantes na sociedade, por oferecer apoio emocional.

Para quem vive na cidade, representam contato com a natureza. Está nos genes humanos apreciar a interação com animais e plantas.A simples presença de um animal de estimação pode ser relaxante, ajudar a diminuir a pressão sangüínea e o estresse. Alguns animais são mais benéficos que outros.

O efeito relaxante aparece menos quando se tem um peixe num aquário ou pássaros na gaiola. Os resultados dependem de contato, portanto, aqueles que podem ser tocados, como cachorros e gatos, são mais eficientes. Gatos são particularmente úteis no tratamento de pessoas com tendências depressivas. Ao contrário dos cachorros, buscam o carinho dos donos só quando requisitados.Atualmente, em muitos lugares, os animais são usados na recuperação de doentes , convalescentes e até presidiários. Na Europa, 30% das terapias de recuperação utilizam animais. Em San Francisco, nos Estados Unidos, existe um programa em que cães e gatos oferecem conforto a pacientes terminais de Aids. A convivência com o animal , as vezes, acaba substituindo para algumas pessoas, os filhos e os amigos. O amor incondicional, a lealdade, a compreensão sem crítica e estar presente em todas as situações são elementos fundamentais neste relacionamento. Isso faz com que essa relação seja, muitas vezes, considerada superior a de um ser humano com outro.

A preocupação em criar leis para defender os animais de todos os tipos de exploração, cometidas nos circos, em rodeios e, também o combate ao tráfico de animais silvestres e um interesse muito grande em salvar algumas espécies da extinção, demonstram que os homens estão conscientes que estas atitudes representam assegurar o equilíbrio do planeta.

Entre as utilizações de animais pelo homem, está a de cobaia, uma espécie de tortura autorizada e abuso, que representa uma exploração legítima da natureza em benefício da humanidade.A vivissecção vem do latim vivus (vivo) e sectio (corte, secção), é algo cruel, inútil e um grande impecilho para o avanço da ciência.

Grandes catástrofes farmacológicas foram testadas em animais, como por exemplo, a talidomida, isoprenalina, depo-provera e stilboestrol. São provas reais de que a vivissecção, além de falha, é uma grande fraude científica.

O modelo animal difere totalmente do ser humano, sendo impossível prever com segurança os efeitos de drogas e medicamentos testados em animais, por serem totalmente diferentes física e morfologicamente.

Ou seja, experimentos feitos , por exemplo com camundongos e ratos não terão necessariamente os mesmos resultados, e isso foi comprovado em um teste realizado em 1999, onde camundongos e ratos foram utilizados em um teste que tinha a finalidade de determinar o efeito cancerígeno do flúor.

Nesse teste, os camundongos não foram afetados, já os ratos foram afetados por câncer na boca e nos ossos. Então é visível que muitos experimentos além de machucar e matar os animais, eles prejudicam e matam seres humanos.

As críticas com relação ao uso de animais, seja para aulas práticas com animais sedados, e logo após seu sacrifício, ou para experiências em animais vivos crescem mundialmente.

Em Israel, por exemplo, a principal linha aérea se nega a transportar primatas para serem usados em experiências e em todas as escolas governamentais a dissecção foi proibida.

A vivissecção é muito utilizada , mesmo nos países desenvolvidos , pelos laboratórios de algumas empresas. Nestes laboratórios surgem novos produtos de limpeza, de beleza, de higiene e até novas rações para animais e canetas.

Os animais de laboratório, não são suficientemente iguais a nós, de modo a que as pesquisas neles possam ser generalizadas para seres humanos. Se eles não são suficientemente iguais a nós para permitir generalizar as descobertas experimentais aos humanos, então as experiências não se justificam , e, assim, não têm sentido realiza-las.

Por outro lado, se os animais são suficientemente iguais a nós para permitir generalizar as descobertas aos humanos, possuem um sistema nervoso cerebral muito similar ao do ser humano, onde estão presentes as duas estruturas correspondentes, de um lado, às emoções instintivas (sistema límbico) e, de outro, às funções nobres, como a vontade, a ideação e sentem as mesmas dores e aflições, devemos presumir que tais experiências são imorais. Portanto, em qualquer caso, a experimentação é inaceitável.

É importante que pessoas que trabalham na área de pesquisa, estudantes de biologia, veterinária, zootecnia e outros, contribuam da sua melhor maneira para desestimular este tipo de tortura.

Todos juntos devemos ter um só objetivo: salvar esses seres inocentes e indefesos de tanta crueldade.O movimento contra a vivissecção é visto cada vez mais como parte do movimento ecológico, que se preocupa com os danos gigantescos que o homem comete, com sua prepotência á natureza.

A medicina terá muito a ganhar com o fim da vivissecção, impedindo assim, que a pesquisa médica insista em tentar descobrir a saúde , sendo instrumento de sofrimento e morte desnecessária.

O grande desafio dos centros urbanos que visam a melhoria da qualidade de vida enfocando a ética , é conseguir implantar e fortalecer a idéia, de que o bem estar animal não pode mais ser considerado como um ato de caridade e sim como uma obrigação legal.

A população de pequenos animais, que vivem e sobrevivem , em relação direta com as condições do meio ocupado pelo homem, não podem continuar sendo abandonados. Esta situação requer a urgência de unir esforços da comunidade, para que se obtenha o controle de natalidade, enfatizando a necessidade de sensibilização da população sobre a posse e responsabilidade de animais de estimação.

O abandono de um animal é um ato cruel e degradante, demonstração clara, de falta de caráter e incapacidade para assumir compromissos, e caracteriza-se num crime.

Para conscientizar sobre a importância de ser um cidadão responsável pelo seu animal, eu idealizei e estou empenhada na divulgação da campanha educativa , que visa comemorar no dia 4 de outubro , data dedicada a São Francisco de Assis, o “Dia Nacional de Adotar um Animal”, através da qual é salientado que precisamos estabelecer um debate amplo para trocarmos “o problema do abandono” pela “oportunidade da adoção responsável”.

O engajamento das escolas, na luta em defesa dos direitos dos animais e preservação da natureza , se faz necessária para que as crianças passem a trazer consigo um compromisso ético para com o meio em que vivem, combatendo as atitudes do comportamento violento e criando uma sociedade melhor,onde viverão seus filhos e netos.

Precisamos estabelecer uma postura ante os animais, visando aperfeiçoar a ética entre os humanos, porque o animal representa a natureza primitiva e instintiva de que todos nós somos constituídos. O animal é parte da natureza e, como tal, não é bom nem ruim, obedece apenas ao seu instinto, que é também o fundamento da natureza humana.

As autoridades que cuidam da fauna no Sri Lanka anunciaram que, apesar da perda de milhares de vidas humanas no maremoto que atingiu o sul da Ásia, não há registro de mortes entre animais.Ondas gigantescas entraram até 3,5 quilômetros terra adentro na maior reserva ecológica da ilha, onde existem milhares de animais.Vários turistas se afogaram na reserva, mas, para surpresa das autoridades, não foi encontrado nenhum animal morto.

O fato ressalta a teoria de que os animais são dotados de um `sexto sentido` , ou seja uma relação muito próxima com os segredos da natureza. Animais selvagens, em particular, são extremamente sensíveis.Eles têm audição extremamente boa e provavelmente ouviram essa inundação vindo na distância.

Deve ter havido alguma vibração e mudanças na pressão do ar que foram captadas pelos animais e fizeram com que eles fossem para outros lugares, onde se sentiriam mais seguros.Há muitos relatos de testemunhas de aves e animais migrando antes de terremotos e erupções vulcânicas.

Este “sexto sentido” não pode ser comprovado cientificamente , mas as pesquisas sobre comportamento animal deverão ser aprimoradas , buscando encontrar uma fórmula de permitir que os animais sirvam futuramente como um sistema de alerta para seres humanos frente as manifestações da natureza.

A necessidade de implantarmos, uma nova mentalidade capaz de permitir uma relação de respeito e proximidade com os animais e a natureza em geral, permitirá o desenvolvimento de atitudes preventivas .

O respeito ao direito dos animais, assim como as riquezas naturais, precisam também passarem a ser encarados como potenciais turísticos , pois demonstra que existe na cidade um alto grau de civilidade e turismo se faz estimulando a cidadania.




Fonte: Vininha F.Carvalho